Interessante essa evolução no forró, se é que podemos dizer que evoluiu. Não cabe a eu julgar o gosto dos outros, apenas faço uma abordagem qualitativa (se é que tenho gabarito pra isso) do que se tornou o ritmo. Não estou falando também que você não deva gostar de determinada música apenas por ela não ter uma qualidade sonora muito boa, mas que saiba diferenciar o que é ruim do bom.
O forró foi um ritmo que se espalhou através do saudoso Luiz Gonzaga. Porém outros nomes tiveram sua importância como Dominguinhos, Trio Nordestino, Marines, Flávio José, Waldonys, Santanna, dentre outros. Esses faziam e alguns ainda fazem o forró autêntico, que é taxado como pé-de-serra.
No Brasil tem-se a mania de taxar o que é autêntico: o forró é pé-de-serra; o samba é samba-de-raiz, e assim por diante.
Mas vamos falar da evolução da nossa geração.
Começamos com o estouro do forró de Mastruz com Leite, Cavalo de Pau, Eliane, Rita de Cássia, etc. Nesse tempo o forró tinha uma roupagem romântica, e as pessoas se vestiam como tal. Calça jeans, uma bela camisa de botão, que poderia ser quadriculada, podia ser de manga comprida também, e de preferência da Botton. Quem tinha uma camisa de botão da Botton naquele tempo poderia se achar.
Sirano e Sirino vieram pra ensinar que forrozeiro que se preze tinha que gostar de vaquejada, cachaça e mulher, não necessariamente nessa ordem, sem esquecer-se de usar bota e chapéu que podia ser aquele de lona de caminhão mesmo.
Aí veio a mudança mais radical: surge o que chamam de “forró swingado”, onde a batida da bateria e a marcação do baixo fazem a diferença. Essa fase é a mais interessante, pois apresenta algumas subdivisões.
Inicialmente o forrozeiro tinha que ser raparigueiro, deixar a mulher esperando por ele em casa, ou brigar com a mulher pra ir pro cabaré. Tomava também cachaça. Tinha ainda que ter uma camioneta. Podia ser qualquer uma, desde que coubesse várias quengas em cima.
O tempo passou e o cabaré foi deixado pra trás. Entrou uma mistura de forró com músicas sertanejas, ou melhor, o sertanejo universitário. Na verdade não sabemos até hoje quem imitou quem, mas não altera muita coisa não. O que vale nessa fase é que você sofra por um amor. É nessa época que as mulheres se destacam, dançando com o dedo apontado pra cima, ou abraçada com uma amiga, falando que o “cara” não era mais nada pra ela, e que agora ela iria viver a vida de solteira, e que, inclusive, já tinha até formado uma “equipe”, (pois é, agora tem equipe de cachaça): os insaciáveis, num sei que lá das primas, total flex, os sem fígado, ou coisas desse gênero.
Na atualidade não basta gostar de forró. Forrozeiro que é forrozeiro tem que ser playboy. Tem que ter carro tunado, carregando um paredão de som, com “Quarenta cornetas; doze subão; Quarenta baterias, pro carro ficar no chão”; andar com camisas coladas, de preferência com números e bandeiras. Não se pode beber mais cachaça ou Montilla. Tem que beber whisky. Whisky com energético, de preferência Red Bull. Existe até uma forma carinhosa dos forrozeiros chamarem a bebida: Amarelinho.
E os forrozeiro tomam “amarelinho com gelo”; os forrozeiros andam em seus “carros pancadões”; os forrozeiros andam de “Jet Sky”; os forrozeiros tem casa nos “States”.
Enquanto isso Luiz Gonzaga observa tudo La do céu, lembrando do seu jumento Samarica, da sua casinha de reboco e de seu pezinho de serra, pensando em como o ritmo por ele criado evoluiu.
Ou não.
Ou não.
“Sanfona velha do fole furado, Só faz fum, só faz fum, mesmo assim o cavalheiro faz um refungado, e o coração da morena faz tum, tum /o sanfoneiro animado puxa o fole, depois de tomar um gole de rum/ E haja fum, haja fum, forró com esse fole é forró número 1”
Por: Willen F.Lobato
Por: Willen F.Lobato
Fantastico Amigo Maravilhado eu fico com vossas Palavras!!!
ResponderExcluirObrigado!
Valeu cara...muito obrigado.
ResponderExcluirWilleeeeeeeen, ótimo texto! Parabéns! Não discordo em nenhum momento kkkkkk. O "caba forrozeiro desmantelado" se tornou 'O' playboy'. O que falta mais mudar?
ResponderExcluirsou sua fã!
ResponderExcluirescreve muuuuuuuuito.
Fuderoso!
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