O verão é uma das épocas mais esperadas do ano. Onde boa parte das pessoas tira férias e procuram fugir do caos urbano para relaxar em alguma praia, curtindo o sol e descansando para o ano de trabalho que virá pela frente. Pelo menos era assim no passado.
Antigamente quem ia à praia ia como objetivo de curti-la. Caminhar pela manhã, tomar um banho de mar, armar a sombrinha, abrir o isopor e tomar uma cerva ou um refrigerante. Na hora do almoço tiravam-se as tupperwares carregadas de frango com farofa e arroz para saciar a fome. Não se tinha vergonha de farofar.
Hoje as coisas mudaram bastante. As pessoas ainda continuam indo à praia, mas para a praia ser boa, as coisas da cidade tem que ir juntas. A maior parte das pessoas que veraneiam nem vão à praia propriamente dita. O dia é perdido, às vezes dormindo, pois o bom mesmo é à noite. À noite os bares (que são os mesmos que temos na cidade) fervem. A galera se encontra para resenhar. Cada um que esteja mais preocupado em ser visto, pois é o que vale. Só ir não vale, o povo tem que saber que você estava lá, e de preferência saber quanto você pagou para entrar. As roupas de praia às vezes nem são levadas, pois não terão utilidade, mas as calças e as camisetas de marcas não poderão faltar.
Ora, pra quer ir para praia se o que se quer é estar na cidade? Sinceramente não consigo entender. Vou à praia pra ir aos mesmos bares que vou aqui. Para comer as mesmas coisas que como aqui e me exibir do mesmo jeito que me exibo aqui, ou até mais.
Vivemos numa cidade onde o status, mesmo que seja só aparente, vale demais. As pessoas são julgadas não pelo que elas são, mas como e onde elas estão. A vontade de aparecer é tanta que várias pessoas se privam do que elas realmente gostam, somente para satisfazer os gostos dos outros. Talvez seja necessário para ser aceito nesse “seleto” grupo onde a futilidade reina solta.
O povo que farofa é visto como mundiça ou como lisos. Ora bolas, se você ta farofando o que tem de errado? Por acaso a comida que está ali foi roubada? Pediu aquela comida a alguém? Não. Comprou com o mesmo dinheiro que compramos qualquer coisa, a diferença é que foi preparada em casa, com todo cuidado e higiene que boa parte dos bares badalados da praia não tem. “Mas eu não vou farofar. O povo não pode me ver farofando, vão pensar o que de mim?”
Infelizmente é assim que estamos nos tornando. Pessoas que abdicam de seus prazeres para satisfazer os outros. Para mostrar que você tem algo que muitas vezes não tem. A aparência vale mais do que o caráter. Na verdade boa parte dessas pessoas nem sabem o que é caráter. Querem só tirar onda com a galera. O resto é resto.
E assim o verão se aproxima do fim, cada vez mais badalado, com praias cada vez mais cheias, porém cada vez mais parecida com nossa cidade, até os engarrafamentos levaram junto.
"A cobiça envenou a alma dos homens, levantou no mundo as muralhas do ódios, e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e morticínios...
...Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido." Charles Chaplin
...Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido." Charles Chaplin
"Vivemos numa cidade onde o status, mesmo que seja só aparente, vale demais."
ResponderExcluirFalou e disse.