quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A "Evolução" do Forró - parte 2

            Depois da postagem sobre a “evolução” do forró muita gente veio falar comigo dizendo que era a pura realidade desse ritmo. Porém faltaram algumas coisas que poderiam ser acrescentadas nessa “evolução”.
            Assistindo a alguns vídeos de bandas atuais de forró cheguei a conclusão que a tão famosa evolução não parou por ali. Por exemplo, se formos para o passado, uma das principais empolgações da galera era ir para uma festa de forró para dançar, mas dançar agarradinho, cheirando o cangote da nega (ou do nego, depende do sexo ou da preferência). Hoje não, hoje se dança solto, até por que as músicas são feitas pra isso. Qual o romantismo de dançar agarradinho com uma música que diz: “olha cachaça, cachaça, cachaça te amo...”? Ou de “quando começo a dançaaaar....elas ficam doidas, elas ficam doidas...”?  Ou “êta, êta, a mulherada beba...”? Realmente não dá. Tem que se pular mesmo.
            Partindo desse pensamento podemos colocar uma nova subdivisão para o forró: O forró axezado. Sei lá. O que importa é que se dança pulando, jogando as mãos pra cima.
            Por isso mesmo, que analisando as atrações do carnaval de algumas cidades, temos a impressão que iremos para alguma festa de São João. Forró num sei que, Forró num sei das quantas. Que danado é? Carnaval era pra ser o período das marchinhas, porém é aceitável que entre um axé, até por que o que seria do axé se não fossem os carnavais, ou as micaretas da vida? Agora entupir as atrações carnavalescas de forró não me agrada muito.
            Mas isso faz parte da evolução. Forró invocado não é tocado mais principalmente nas festas juninas, agora invadiu os clubes dos carnavais com seus forrós elétricos. Na verdade o forró já faz tempo que é elétrico. Guitarras, baterias, teclados, etc. Foi isso que tornou o fo ritmo elétrico, e não a mudança da batida.
            Quando uma coisa entra na moda é horrível. Até as próprias bandas vão mudando o estilo, se enquadrando no que a galera quer ouvir. Isso se chama falta de identidade. O pior é que o autêntico vai ficando sempre em segundo plano. Talvez os cantores dessas bandas novas já tenham ganhado mais dinheiro em pouco tempo do que cantores tradicionais ganharam em toda a sua vida. Faça uma comparação dos cachês de Aviões ou de Garota com Dominguinhos, ou Trio Nordestino. É covardia.
            Mas to nem aí, quero “rodar meu copo na cabeça”, “Chamar a gata pra beber”. Dançar não. Dançar não é coisa de forrozeiro. Forrozeiro só toma amarelinho e dança apontando o dedo pra cima. Ah...e de preferência no pé do palco, que é lugar de bacana. Antes era de pinica, hoje é de desenrolado.

Forró no Sertão
Dominguinhos

“Bota lenha no fogão e abana a fumaceira
Tira gosto e cachaça tem na prateleira
Quer o forró começa cedo e vai a noite inteira
Já chegou o sanfoneiro e a pagodeira
É preciso conhecer o forró lá no meu sertão
Coisa igual e mais bonita juro por Deus não tem não
Não tem não, não tem não, não tem não
Posso jurar que não tem não
Se ouve o zabumba repicando quente
E nesse contratempo mexendo com a gente
Não tem não, posso jurar de novo não tem não
Não tem não, Parece até que é invenção do cão”

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

TV Nossa de Cada Dia!

            Nessas férias fiz algumas coisas que mais nunca tinha feito, como ficar em casa o dia todo sem ter nada para fazer. Para tentar acabar com esse ócio às vezes recorremos à tão querida TV. Mas o que assistir? Realmente se fossemos depender da TV aberta o negócio era de lascar.
            Sempre digo que TV é entretenimento, e por isso você pode assistir o que bem entender, e gostar do que quiser. Porém você tem que ter o discernimento para saber o que é bom e o que é ruim.
            Como assisto mais a Globo irei comentar alguns dos seus programas.
            Cedo do dia é bom. Assistimos ao jornal local e nacional, fazendo com que a gente fique por dentro das notícias para começar o dia informado. O problema vem depois. Ana Maria Braga. Pelo amor de Deus. Alguém tem paciência para assistir aquilo? A voz daquela mulher é irritante. Tem gente que nasce com sorte na vida. Essa mulher foi uma delas.
            O dia passa e começa a programação infantil. Que saudade da minha infância. Será que eu acho os desenhos hoje fracos por que cresci ou por que realmente são? Acho que os criadores pensam que as crianças são doidas, sei lá. O único que escapa é Bob Esponja. Só ele.
            Ao meio dia a programação é tranqüila. Jornais, Globo Esporte. Bom para se informar. Porém depois vem um dos piores programas: o vídeo show. Pelas caridades, concorre fácil com o Mais Você para o pior programa da TV brasileira. Nunca tive paciência para ver aquilo. Deve ter alguém que assista, por que senão já tinha saído do ar.
            Aí vem a overdose de novelas, com o filme entre elas. É novela pra dar e vender. E é aí que mora o perigo. A população brasileira confunde as novelas com a própria vida. Não diferenciam o que é arte da realidade. Choram com a morte de um personagem, agridem o ator que ta fazendo o vilão. É uma coisa de louco.
            Mas para não me alongar muito vou falar do BBB. Era justamente esse que queria falar. Uma casa. Algumas pessoas vivendo nessa casa. Sonho de qualquer brasileiro: vagabundar, comer e beber de graça, e ainda ter uma festa toda semana, com bandas de ponta. E o pior, ainda tem gente que gosta de ver isso.
Costumo dizer que o BBB é a realização do fofoqueiro. Você poder ficar olhando a casa do outro 24 horas por dia, vendo tudo o que passa ali dentro. Realmente é um programa muito educativo.
            O que dá mais raiva é que um vagabundo daquele ali vai sair de lá com R$1.500.000,00. Sabe quantos brasileiros consegue juntar esse dinheiro em toda a sua vida trabalhando duramente? Nem eu. E sabe o que é o pior de tudo? É que somos nós que escolhemos quem vai ganhar (pelo menos o povo vota pensando nisso, sinceramente tenho minhas dúvidas). O povo escolhe um para torcer, como se fosse membro de suas famílias.
            Os absurdos do BBB não param por aí. A galera aluada faz fã clube para os particpantes. MEU AMIGO. ONDE JÁ SE VIU SER FÃ DE UM ZÉ NINGUÉM? COMO SE TEM FÃ SEM SER ARTISTA? Só no Brasil mesmo. E nessa o povo vai votando, gastando dinheiro com o telefone, internet, o que quer que seja, o importante é votar no bonzinho da casa, que não ta jogando, não faz parte de nenhum grupo, etc. Se o bonzinho sair o povo chora. Chora como se fossem eles que acabaram de perder a bufunfa.
            Deus... Bota juízo na cabeça desse povo. Governantes... Dêem educação a esse povo.
            Por isso que o nosso país continua assim, apoiando a futilidade, idolatrando o supérfluo e ignorando o que realmente importa. Mas tem nada não, se Fulaninho ganhar o BBB e Num sei quem acabar a novela com fulana, ta tudo em casa. Não precisa nem saber quem é o presidente do Brasil ou o governador do meu estado.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Ah, o verão!!!!

            O verão é uma das épocas mais esperadas do ano. Onde boa parte das pessoas tira férias e procuram fugir do caos urbano para relaxar em alguma praia, curtindo o sol e descansando para o ano de trabalho que virá pela frente. Pelo menos era assim no passado.
            Antigamente quem ia à praia ia como objetivo de curti-la. Caminhar pela manhã, tomar um banho de mar, armar a sombrinha, abrir o isopor e tomar uma cerva ou um refrigerante. Na hora do almoço tiravam-se as tupperwares carregadas de frango com farofa e arroz para saciar a fome. Não se tinha vergonha de farofar.
            Hoje as coisas mudaram bastante. As pessoas ainda continuam indo à praia, mas para a praia ser boa, as coisas da cidade tem que ir juntas. A maior parte das pessoas que veraneiam nem vão à praia propriamente dita. O dia é perdido, às vezes dormindo, pois o bom mesmo é à noite. À noite os bares (que são os mesmos que temos na cidade) fervem. A galera se encontra para resenhar. Cada um que esteja mais preocupado em ser visto, pois é o que vale. Só ir não vale, o povo tem que saber que você estava lá, e de preferência saber quanto você pagou para entrar. As roupas de praia às vezes nem são levadas, pois não terão utilidade, mas as calças e as camisetas de marcas não poderão faltar.
            Ora, pra quer ir para praia se o que se quer é estar na cidade? Sinceramente não consigo entender. Vou à praia pra ir aos mesmos bares que vou aqui. Para comer as mesmas coisas que como aqui e me exibir do mesmo jeito que me exibo aqui, ou até mais.
            Vivemos numa cidade onde o status, mesmo que seja só aparente, vale demais. As pessoas são julgadas não pelo que elas são, mas como e onde elas estão. A vontade de aparecer é tanta que várias pessoas se privam do que elas realmente gostam, somente para satisfazer os gostos dos outros. Talvez seja necessário para ser aceito nesse “seleto” grupo onde a futilidade reina solta.
            O povo que farofa é visto como mundiça ou como lisos. Ora bolas, se você ta farofando o que tem de errado? Por acaso a comida que está ali foi roubada? Pediu aquela comida a alguém? Não. Comprou com o mesmo dinheiro que compramos qualquer coisa, a diferença é que foi preparada em casa, com todo cuidado e higiene que boa parte dos bares badalados da praia não tem. “Mas eu não vou farofar. O povo não pode me ver farofando, vão pensar o que de mim?”
            Infelizmente é assim que estamos nos tornando. Pessoas que abdicam de seus prazeres para satisfazer os outros. Para mostrar que você tem algo que muitas vezes não tem. A aparência vale mais do que o caráter. Na verdade boa parte dessas pessoas nem sabem o que é caráter. Querem só tirar onda com a galera. O resto é resto.
            E assim o verão se aproxima do fim, cada vez mais badalado, com praias cada vez mais cheias, porém cada vez mais parecida com nossa cidade, até os engarrafamentos levaram junto.
 "A cobiça envenou a alma dos homens, levantou no mundo as muralhas do ódios, e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e morticínios...
...Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido." Charles Chaplin

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Português americanizado!!!

Existem várias formas de se identificar uma potência: seu poder militar, econômico, etc. Porém, um dos fatos que mais mostram o poder de um país é a influência cultural.
Somos um país com uma cultura rica, bastante diversificada, contudo sofremos com um processo incrível de aculturação, provocado principalmente pelos Estados Unidos.
Importamos muitas coisas de lá no passado, e continuamos importando no presente. Temos uma mania provinciana de alto valorizar o que é de fora. Valorizamos suas músicas, seus filmes então, nem se fala. Importamos festas norte-americanas, por mais rídiculo que seja: “não danço quadrilha por que se fantasiar de matuto é brega”, “mas no halloween não, aí eu me fantasio de Homem Aranha, ou de Harry Poter, ainda posso ir de Peter Pan, por que halloween é uma festa invocada, da galera”.
Todavia, o que me deixa mais irado, é a influência estadunidense na nossa língua. O idioma é uma das coisas que mais identificam uma nação, mas não valorizamos o nosso. “É muito mais show falar americanizado do que “brasileiro””. Então vamos citar alguns casos.
Não existe um canto que isso fique mais evidenciado do que um “shopping Center”. O próprio nome já diz né? “Vamos à praça de alimentação comer nos fast-foods, ou ainda tomar um milkshake com um hamburger. Antes disso quero passar ali numa lan-house, mandar um e-mail para um amigo meu, ele é meu Best.” Existem várias coisas ridículas, agora se referir há bons amigos com o termo Best é de lascar.
Quando o Orkut surgiu (e até hoje ainda ocorre isso) foi engraçado demais. Como não tinha a opção do idioma português a galera começou a usar os termos em inglês mesmo, mas “aportuguesando” as palavras. Certo amigo meu verbalizou o termo “add”: “se quiser me add me adida”. “Vou te mandar um scrap”. “Ei, lhe adedi”. Quer coisa mais ridícula do que isso?
            Mas eu acho massa o uso do inglês nas festas. È chique demais: camarote é área vip e tem front stage. Lá dentro tem bebida free, já que é open bar. Tem também lounge (Juro que até hoje eu não sei o que é isso). Terá ainda espaço com serviço beauty e cyber café. Artistas da Globo vão dar um up grade  à festa. Se vocês quiserem comprar procure um promoter. Daqui a pouco vai precisar de tradutor pra ir dar o bagaço.
            A internet nem se fala. Local onde o inglês come no centro. Você tem que fazer um download de um arquivo que está no site x. Se caso der problema no seu PC, você pode fazer um backup, baixando uns drivers. Tem até mais, é que não sou muito entendido de informática não, vide o design do blog.
            Não podemos nos render para qualquer coisa que é imposta. Temos que valorizar o que é nosso, defender nossa história e nossa cultura. A cultura é o segmento que identifica um povo. Não podemos deixá-la morrer.
            Ainda bem que falamos português. Já pensou como ficaria um samba ou um forró em inglês? Melhor nem imaginar. Sou Brasileiro acima de tudo, e o que eu puder fazer pra defender essa bandeira eu farei (ou quase tudo). Abaixo o uso abusivo do inglês no nosso dia-a-dia.
            Finalizando com um trecho da música do saudoso Jackson do Pandeiro: Eu só ponho bip-bop no meu samba quando Tio Sam pegar o tamborim, quando ele pegar no pandeiro e no zabumba, quando ele aprender, que o samba não é rumba...”

Vida de Professor - Parte 1

            Sempre me refiro ao dia-a-dia do professor com a seguinte frase: “Nóis sofre, mas se diverte” (o erro é proposital). Alguns fatos que serão narrados nessa série vão mostrar o porquê de pensar assim. Lembrando que as histórias aqui descritas não ocorreram comigo, e sim com um grande amigo meu. Vocês entenderam né? Um grande amigo meu. Não foi comigo.
            Começo com a história que mais me chamou a atenção, pois ocorreu na primeira semana de aula desse amigo, ou seja, que não tinha a menor experiência em sala de aula. Ao chegar à escola a diretora o chama e diz que na sala da quinta série tem um aluno deficiente. Segundo ela, o menino era autista, mas não precisava se preocupar, já que se o aluno se alterasse bastava lhe dar algumas listas telefônicas que estavam estrategicamente sobre a mesa do professor que ele se acalmaria, mas em que nenhuma hipótese abrisse a porta, pois ele fugia para o parquinho.
            Assim o professor fez: chegou à sala, trancou a porta e iniciou sua aula. Já próximo ao fim da mesma, o mestre notou que o aluno se levantou e foi de encontro da porta. Como a mesma estava fechada, deu continuidade à aula. O aluno foi se alterando e começou a dar uns gritos. No início nada de assustador, porém depois já estava aos berros puxando a porta com toda a força que Deus tinha lhe dado. Nesse momento não se tinha mais condição de continuar a aula, pois todos os alunos da sala também tentavam em vão acalmar o menino. O professor, desesperado, lembrou-se das benditas listas. Correu em direção ao aluno com as listas nas mãos e as entregou.  O dito cujo pegou as listas e num único puxão as rasgou jogando-as para cima.
            O desespero nessa hora já era total. Os alunos diziam ao professor: “Faça alguma coisa”. E o professor, perplexo, colocava a mão na cabeça e dizia: “O que é que eu faço???”.
            Não tendo mais o que fazer, abriu a porta e deixou o aluno correr em direção ao parquinho. Nesse momento o alívio voltava à sala de aula, e a aula pode ser retomada.
            Ao tocar o sinal, o professor foi chamado à sala da diretora que veio o perguntar por que tinha aberto a porta. O professor lembrando-se de toda a cena que tinha passado pensou em responder da maneira mais malcriada possível, mandando a mesma para aquele canto e pedindo as contas. Porém respirou fundo e disse que era a única maneira da aula ter sido retomada.
            Hoje a história é hilária, mas, sem dúvida nenhuma, foi umas das piores experiências que esse meu AMIGO passou.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Viver de Aparência.

Não me considero uma pessoa muito observadora, que dá conta do que o povo faz, porém existem coisas que não tem condição de passar despercebidas dos olhos de qualquer um. Uma dessas coisas que me chamou atenção recentemente é como existem pessoas que gostam de viver de aparência. E não existe local melhor para se constatar isso do que uma festa.
            Nas antigas não existia essa segregação de pista e camarote. Até tinham camarotes em festas, porém esses se resumiam aos donos da festa ou a algumas pessoas que gostavam de assistir a festa sentados. Hoje não...hoje qualquer festa que você vá existe o camarote ou a chamada área vip. Tem gente que num sabe nem o que danado é vip, mas ta lá.
            Na verdade a vontade é de ta lá no meio da muvuca, tirando onda com todo mundo, dançando, dando rolé, mas é muito mais estiloso ficar no camarote. “Eu não vou querer que me vejam lá em baixo, vão pensar logo que to liso”. E muitas vezes ta mesmo. Gastou o dinheiro todinho na senha do camarote. Se tiver bebida “free” ele bebe, enfrentando uma fila maior do mundo, caso não tenha, junta as pratas pra comprar uma long neck (de preferência da Devassa, que é a cerva da galera) e passar o resto da festa segurando a garrafa.
            Às vezes o cara ta tão preocupado com a aparência que nem vê o povo que ta ao seu redor. Olhando pra roupa do outro, qual a marca da camisa, marca da calça, etc. Se o cara tiver uma roupa de marca ele é desenrolado.
            De vez em quando pode até valer a pena, por exemplo: se você for muito fã de uma banda ou de um cantor e quer vê-lo(s) de perto, compre o camarote, por que tem “front stage” (para ficar mais invocado os nomes tem que ser em inglês), aí você poderá chegar perto.
            Parece que a situação fica bem pior quando a cidade é pequena. Natal é uma cidade pequena, muito embora já seja uma Natal bem maior do que 20 anos atrás. Nesse tipo de cidade se dá conta de tudo. Se você tem carro, se você já usou tal roupa, se você é da “mundiça da pista” ou da “galera do camarote”.
            Outra coisa engraçada é que quando uma coisa pega, quase todo mundo fica igual. Desenrolado tem que andar de calça jeans arrochada e de camisa apertadinha, ensacada, mas só na frente, deixando o cinto aparecer. Quem não anda assim não é desenrolado.
            Parem com isso. Vivam do jeito que quiser. Não se importe com o que os outros pensam de você. Tem gente que é “denserolado”, mas quando abre a boca só fala aresia. Prove que você é melhor no papo, no conteúdo, e não na embalagem. Vou pra onde me der vontade. Minha festa quem faz sou eu. Fico onde me sinta bem. Faço o que quiser fazer (e que seja permitido).
            Divirto-me fácil demais, e pra isso é preciso somente uns amigos considerados. Um litro também é bem vindo, porém não é determinante para o movimento prestar ou não, muito embora dê uma grande ajuda. Ah...e bebo o que quiser e gostar, sem ligar se é bebida de desenrolado ou não. Por que desenrolado que é desenrolado tem que ter no mínimo um litro de Old Parr na mesa. Se você gosta de whisky não tem problema nenhum. O problema é você tomar whisky por que é “presença”.
            Para finalizar contarei um historia verídica que ocorreu comigo há algum tempo atrás: sai de um pagode perto do Machadão com vontade de tomar uma dose de cana. Parei numas quatro budegas e em nenhuma tinha cachaça. O destino final era a finada boate “La cucaracha”, em Ponta Negra. Como não consegui comprar a dose, deixei pra tomar quando chegasse lá. Assim o fiz. Pedi uma dose de cana ao garçom que me serviu. Quando tomei a dose, finalmente matando a vontade, o garçom bate no meu ombro e fala: Ta liso heim...”. É de lascar ou não é??

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Vida de Interior.

            Nunca neguei a niguém que sou fã da vida do interior, não que eu queira morar em um, por nenhum grave motivo, apenas pelo costume do modo de vida urbano. Por isso fico satisfeito com algumas idas a alguns dos interiores do estado.
            Numa dessas visitas recentes, tivemos a oportunidade (Eu, Felipe e Rodrigo) de conversar com alguns moradores de algumas cidades. Não foi um questionário, mas sim conversas espontâneas. Uma senhora com seus 70 anos que fazia tapioca de 7 horas da manhã, sorrindo e dizendo que nós éramos meninos bons, que a vida era muito linda. Um garçom que nos contava da vida de todo mundo na cidade. Um papudo que nos falava... bem , ele não falou nada, pelo menos que a gente entendeu.
            Tenho raízes interioranas. Minha família é do interior, por isso desde garoto sempre vou a alguns. Mesmo nesse tempo que vou ainda fico impressionado como é grande a bondade e a verdade existente na maioria desse  povo. A satisfação com que eles lhe dão uma informação; a empolgação com que eles lhe dão um bom dia, mesmo que você não tem dado um bom dia, mas sim um rápido “opa”.
            A sociedade urbana, nas cidades grandes, está perdendo esses valores, ou melhor, estão invertendo esses valores. Vivemos num mundo onde fazer o errado é o correto e o correto é errado. Se acharmos um celular e devolver nós somos imbecis, bestas, babacas. Se recebermos um troco maior do que o correto e avisarmos ao comerciante, somos taxados da mesma coisa, ou seja, a honestidade é vergonha. E o pior de tudo é que as crianças estão aprendendo isso, e muito bem por sinal.
            Tenho certa experiência com essa faixa de idade e às vezes fico observando o comportamento da juventude (falei como se tivesse uns 50 anos agora). Nessa idade o que vale é ser escroto, tirar zero, dar em cima de todas na sala, ser brabo e impor respeito. O estudioso tem vergonha de tirar 10, o educado que dá bom dia e pede licença logo recebe um:”eeeeeeeeescow”. E assim esse povo vai crescendo, e conseqüentemente passando esses ensinamentos à sua ninhada.
            O pior disso é que o preconceito é daqui, da cidade, para o interior. Nós os taxamos de matutos. Matutos por que muitas vezes não sabem falar certo, por que não sabem se vestir, por que não são formados, etc.
            Matutos somos nós que não damos mais valor às coisas simples da vida; somos nós que não nos relacionamos mais com os vizinhos, que quando ouve um bom dia de um cobrador de ônibus, por exemplo, nos assustamos. O povo na rua parece ser nossos inimigos, passamos com tudo, de cabeça baixa.
            Temos muito que aprender com esse povo. Aprender que a palavra de um homem vale muito mais que mil papeis assinados; aprender a respeitar os outros; respeitar principalmente os mais velhos; aprender o valor de uma família; aprender o valor de um copo d’água e de um prato de feijão. Orgulho-me de ter raízes no interior, me orgulho de ter tido uma educação rigorosa, onde aprendemos valores. Aprendemos a respeitar.  
            Decidi escrever isso não sei por que. Talvez por que tenha me lembrado da cara da senhora da tapioca, ou do garçom que era escroto demais, ou talvez por que iríamos para Parelhas esse final de semana. Por que quem não sabe o que é uma festa no interior, aí sim é matuto de verdade.
            Pra finalizar postarei um poema de Zé Cardoso, declamado por Santanna, O Cantador, na música Xote Universitário:

Aprendi a cantar sem professor, com a graça de Deus eu sou completo,
Você vem me chamar de analfabeto, exibindo diploma de
doutor
No congresso que eu for competidor, vou ganhar de você
de 10 a 0
Bastião eu vou ser muito sincero, se eu deixar de
cantar não sou feliz
Ser poeta eu sou porque Deus quis, ser doutor eu não
sou porque não quero.

Por Willen Ferreira Lobato

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

A "Evolução" do Forró

Interessante essa evolução no forró, se é que podemos dizer que evoluiu. Não cabe a eu julgar o gosto dos outros, apenas faço uma abordagem qualitativa (se é que tenho gabarito pra isso) do que se tornou o ritmo. Não estou falando também que você não deva gostar de determinada música apenas por ela não ter uma qualidade sonora muito boa, mas que saiba diferenciar o que é ruim do bom.
O forró foi um ritmo que se espalhou através do saudoso Luiz Gonzaga. Porém outros nomes tiveram sua importância como Dominguinhos, Trio Nordestino, Marines, Flávio José, Waldonys, Santanna, dentre outros. Esses faziam e alguns ainda fazem o forró autêntico, que é taxado como pé-de-serra.
No Brasil tem-se a mania de taxar o que é autêntico: o forró é pé-de-serra; o samba é samba-de-raiz, e assim por diante.
Mas vamos falar da evolução da nossa geração.
Começamos com o estouro do forró de Mastruz com Leite, Cavalo de Pau, Eliane, Rita de Cássia, etc. Nesse tempo o forró tinha uma roupagem romântica, e as pessoas se vestiam como tal. Calça jeans, uma bela camisa de botão, que poderia ser quadriculada, podia ser de manga comprida também, e de preferência da Botton. Quem tinha uma camisa de botão da Botton naquele tempo poderia se achar.
Sirano e Sirino vieram pra ensinar que forrozeiro que se preze tinha que gostar de vaquejada, cachaça e mulher, não necessariamente nessa ordem, sem esquecer-se de usar bota e chapéu que podia ser aquele de lona de caminhão mesmo.
Aí veio a mudança mais radical: surge o que chamam de “forró swingado”, onde a batida da bateria e a marcação do baixo fazem a diferença. Essa fase é a mais interessante, pois apresenta algumas subdivisões.
Inicialmente o forrozeiro tinha que ser raparigueiro, deixar a mulher esperando por ele em casa, ou brigar com a mulher pra ir pro cabaré. Tomava também cachaça. Tinha ainda que ter uma camioneta. Podia ser qualquer uma, desde que coubesse várias quengas em cima.
O tempo passou e o cabaré foi deixado pra trás. Entrou uma mistura de forró com músicas sertanejas, ou melhor, o sertanejo universitário. Na verdade não sabemos até hoje quem imitou quem, mas não altera muita coisa não. O que vale nessa fase é que você sofra por um amor. É nessa época que as mulheres se destacam, dançando com o dedo apontado pra cima, ou abraçada com uma amiga, falando que o “cara” não era mais nada pra ela, e que agora ela iria viver a vida de solteira, e que, inclusive, já tinha até formado uma “equipe”, (pois é, agora tem equipe de cachaça): os insaciáveis, num sei que lá das primas, total flex, os sem fígado, ou coisas desse gênero.
            Na atualidade não basta gostar de forró. Forrozeiro que é forrozeiro tem que ser playboy. Tem que ter carro tunado, carregando um paredão de som, comQuarenta cornetas; doze subão; Quarenta baterias, pro carro ficar no chão”; andar com camisas coladas, de preferência com números e bandeiras. Não se pode beber mais cachaça ou Montilla. Tem que beber whisky. Whisky com energético, de preferência Red Bull. Existe até uma forma carinhosa dos forrozeiros chamarem a bebida: Amarelinho.
E os forrozeiro tomam “amarelinho com gelo”; os forrozeiros andam em seus “carros pancadões”; os forrozeiros andam de “Jet Sky”; os forrozeiros tem casa nos “States”.
Enquanto isso Luiz Gonzaga observa tudo La do céu, lembrando do seu jumento Samarica, da sua casinha de reboco e de seu pezinho de serra, pensando em como o ritmo por ele criado evoluiu.
            Ou não.
Sanfona velha do fole furado, Só faz fum, só faz fum, mesmo assim o cavalheiro faz um refungado, e o coração da morena faz tum, tum /o sanfoneiro animado puxa o fole, depois de tomar um gole de rum/ E haja fum, haja fum, forró com esse fole  é forró número 1”

Por: Willen F.Lobato

Minha Casa, Minha Sentença


Dois mil e onze chegou com a mulesta dos cachorro. E com ele as esperanças são renovadas, bem como o desejo de começar de novo surge na mente de várias famílias. Uma nova casa, um novo carro, um novo emprego, um novo afeto, enfim, desejos de melhoria em suas vidas. Boa parte das pessoas consegue atingir essas metas, pois seguem regras estabelecidas por elas próprias, alcançando assim seus objetivos. Outras, porém, esperam o início do ano seguinte para tentar pô-las em prática. Pudera ser, tendo em vista que foram fatos programados, tenham eles dado certo ou não.
            Contudo, existe um grupo de pessoas que, entra ano, sai ano apertam o botão “restart”. Começam de novo por que perderam tudo: casa, móveis, documentos, objetos, e o pior de tudo, perderam outras pessoas. Pessoas próximas como amigos e parentes. Perdem suas identidades e seu direito ao bem-estar. Eles clamam por uma moradia digna de se viver. Perdem tudo.
            As chuvas de verão ocorrem intensamente no início do ano na região sul e sudeste do Brasil. É uma característica climática e por isso com uma grande probabilidade de que aconteçam todos os anos.
            E por que as autoridades são pegas de surpresa? Por que medidas não são tomadas nos meses de estiagem? “Fulano declara estado de emergência na Cidade tal”, “Cicrano lamenta o acontecido” Quem lamenta, meu caro, são aquelas homens de bem que pedem ajuda e choram a dor daquela perda, seja ela material, seja ela imaterial. Dói sair de casa às 5 horas da manhã, enfrentar um transporte público defeituoso e lastimável, uma cidade violenta e desigual.
            Ora, o problema não está no fato de as chuvas caírem e encharcarem a terra, o problema é de cunho social e tem nome: Habitação. No Brasil, “o sonho da casa própria” muitas vezes termina em pesadelo.
            É sabedor que as cidades do Brasil crescem sem nenhum planejamento, por menor que seja. Crescem sem controle, carregando com elas o inchaço de quase todas as mazelas que cidades podem trazer.
           Onde estão as políticas publicas? Onde está o crescimento do país? No bolso de quem?
Calamos-nos por muito pouco. Contentamos-nos com muito pouco. As “bolsas” da vida podem até amenizar a fome de alguns, mas não fazem o país avançar. Não confundam política assistencialista com política social. Ambas remetem a diferentes obstáculos.
            Estamos prestes a sustentar uma olimpíada e uma copa do mundo. Terra para atender as obras não faltará. Estarão nas ruas e dentro das casas de famílias. Só façam o favor de tirar os entulhos, porque quem vem de fora não gosta de sujeira.


Por Willen F. Lobato e Joanna Guerra

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Mulesta dos Cachorro...

Quando se passa praticamente o dia todo em frente a um computador esgotamos tudo que tem de interessante pra se fazer. Foi justamente em um dia desses que criei este blog. Escrever o que ta na cabeça naquele momento, sem se importar muito a repercução do assunto tratado.

Procurarei postar aqui o que vier na mente, e o que achar que seja importante para os outros lerem. É isso aí.

O título do blog é uma expressão muito usada no Nordeste brasileiro, e a ausência do "S" depois do "cachorro" foi intencional.

Abraço a todos e boa leitura (Se é que alguem vai ler...)